28 de dez. de 2009

você se olha no espelho e não se enxerga bem
você nunca vai ser nada
nada nem ninguém

e acorda todo dia sem a mínima vontade
mas mente pra si mesmo
diz mereço piedade

em todo banho sua vida escorre pelo ralo
e você ama seus cigarros
só porque vão matá-lo
amigo, vamos sair hoje
beber e esquecer alguma coisa
que já não tem pra esquecer

amigo, não é isso que fazemos
toda noite desde
que paramos de crescer?
a última vez que dormi bem
eu dormi com você
e não sem ninguém

26 de dez. de 2009

Luto

Sei que anda triste
e que já não dorme
e que só existe
por falta de escolha

E seu fim de semana,
unlike o seu peito,
anda agitado feito
eletrocardiograma
da mulher que morreu
mas que 'inda ama.

19 de dez. de 2009

a gente se encontra na rua
na praça
a gente bebe a noite inteira
cheira, fuma e acha graça
e a mensagem
a única verdadeira
que fica pra gente
é que seria muito difícil
tentar ser mais decente

15 de dez. de 2009

medíocre I

as vezes me sinto bom
que sublimo, faço algo
melhor que alguém
mas o sublime do nada
é nada também

medíocre III

li, reli, revisei
até gostei dos temas
mas tão mal escritos
todos os meus poemas

medíocre II

nunca faço nada
o que não é é o que quero
há muito na estrada
nunca sai do zero
foi-se o tempo em que eu contava
meus amigos numa mão...
és há muito o único dedo
que habita meu coração
me odeio todo segundo
que não estou odiando
todo o resto do mundo

10 de dez. de 2009

só a dopamina me sente
ninguém mais quer saber
ninguém mais tá doente

9 de dez. de 2009

minha vida é só química:
pouca emoção
muita mímica

8 de dez. de 2009

não tenho jeito
ou sou errado
ou sou defeito

7 de dez. de 2009

quando te imagino me olhando
com olhar de desprezo
me ponho a escrever
e nunca escrevo

é que sem você
pra tentar me apoiar
eu perco o porquê
de até rabiscar

4 de dez. de 2009

meu tempo passou
você é viva
eu já não sou

meu tempo passou
somos bons juntos
até demais
eu já não sou
o que você é
não tenho paz
não tenho fé

1 de dez. de 2009

-I said I like you!

-No, you don't.
We don't really talk, we don't really hug.
I dont like what we do,
we've been friends way too much
you don't like me, I don't like you.

30 de nov. de 2009

fiz cálculos e contas
li contos e faz-de-contas
mas não adiantou
o dia escureceu
o sol não raiou

29 de nov. de 2009

junkie cataléptico

isso ainda vai te matar
foi o que me disse
aí balancei a cabeça
como se ainda ouvisse

dito e feito
noite passada me botaram em baixo da terra
tinha certa razão...
e só escrevendo agora
pra dizer não morri não!

26 de nov. de 2009

when numbness try
(as it often does)
to take over you
just don't let it be
confess:
did it take your heart too
or was it just me?

23 de nov. de 2009

um dia Deus virou pra mim
naquela pompa de senhor do Tempo
que lhe é peculiar
e disse assim
Felipe, fingir não vai adiantar
cria vergonha na cara
para de ficar parado
começa logo a andar

21 de nov. de 2009

fiz cálculos e contas
fiz contos e faz-de-contas
vi morros em mares
num vinil do Chico
e pensei em tudo que aprendi
até o momento da agulha
tocar o disco
e a única coisa que lembrei
foi que eu te rabisco
sempre do mesmo jeito

o único jeito que sei

18 de nov. de 2009

cigarettes on a starry night
and you don't know why you keep doing it
but you do
every day half a pack,
half a gram
you're one step of whorthlessness
and you know you're running
you've been running for a couple of years now
but it's either that or boredom-filled loneliness
well, we all know you've already chosen

17 de nov. de 2009

gosto mais de você agora
do que gostava há um tempinho
acho até que te amo...
será mesmo?
porque quando te vejo longe
eu nem te chamo
mas aqui dentro alguém grita
vem aqui corre aqui!
uma pena é você não ouvir

16 de nov. de 2009

e você nem faz idéia ou epígrafe minha para Retrato em Branco e Preto

Quando sinto muita saudade
de você(, e só você)
eu juro, te desenho
no caderno, toda torta
digo todo o por dizer
e muito me empenho,
me esforço pra manter
a conversa menos morta
que a vontade de te ver.

12 de nov. de 2009

you may not know
but I love you more
than i did before
I just dont show
fazem 20 cigarros
que nada tenho a dizer
mas fazem só 2 tragos
que cansei de viver
dos passos que já dei
dez me levaram ao bar
quatro ao banheiro
e o resto a nenhum lugar

10 de nov. de 2009

só existiria poesia no seu café se o adoçante fosse cianureto ou assim reclamou o poeta com fome

Não existe poesia
no seu café
não existe prosa bonita
nos pingos de chuva que caem no chão
não existe poesia
na sua falta de poesia
me desculpe
nem tudo é poesia, amor
não se preocupe
com a falta de poesia
nos seus rabiscos
não se preocupe, querida
poesia... poesia não é nada
não serve pra nada
não dá dinheiro
não paga entrada
prestação nossa,
casa alugada.

6 de nov. de 2009

disse que gosto de poema curto
é por preguiça
que prefiro leminski
a ir na missa

2 de nov. de 2009

povoaram imenso azul
com aves peixestrelas
e no meio, centro e sul,
sobraram as mazelas
não cabiam em nossestradas
mas perfeitas para o quarto
encadernadas, recicladas

24 de out. de 2009

acho que foi assim ó
te via há um tempo na rua
e nos quartos
mas nunca nos falamos
e comecei a ir atrás de você
conversamos você gostou
de mim
eu já gostava de você mas menti
falei que não nunca tinha reparado
em você como você chama?
daniela nossa foi destino?hahaha
fiquei sem graça de te falar na cara que não
disse deve ser sorte
você disse sou muito sortuda
eu disse só ter fé ser otimista
e quando perguntou você é?
eu teria dito que sim claro sou otimista
mas já tinha estourado minha cota de absurdos
não
foi quando sorriu de verdade:
também não
eu tinha te visto antes
e eu vi você me seguir
e eu deixei você me achar
e quer saber?
até que foi legal

cansaço do retirante imaginário

se foi com o vento que vieste
se foi do norte que tiraste
o anseio do momento
o desejo de ser forte
onde foi que tu botaste
diz-me então
a mala de sofrimento
a bíblia da sezão

22 de out. de 2009

não te amo
não me ama
não amamos ninguém
mas queria que me amasse
e queria te amar também

21 de out. de 2009

por que inda tento?
já passou o que quero
já passou do que aguento

19 de out. de 2009

vou dizer a verdade
não faço prosa
porque não tenho idade
olhando pro maço digo
querido cigarro
precisamos conversar
confesso:
as vezes penso em parar
não sei porquê
o problema sou eu
juro que não é você
querida
vou parar de mentir:
só faço poesia
pra te ver sorrir

17 de out. de 2009

não conseguia dormir
acho que por dois meses
aí cansei mudei
de cama
mudei de mulher
de travesseiro de
quarto
de horário de deitar
mudei de remédio
marca de cachaça
cheguei a mudar de pensamentos
que penso deitado insône
mudei de tristeza
felicidade
e de agonia
só não mudei de alma
mas se ajudasse
eu mudaria

16 de out. de 2009

namoradinha greenpeace

depois que te conhecí
ando tendo a impressão
de que todos os cigarros
sou eu quem joga no chão

15 de out. de 2009

canção do exílio catatônico

minha mente tem figueiras
que dão frutos de araçá
as pedras aqui gorjeiam
elas nem sussurram lá

meus pensamentos são cigarros
que guardei no mesmo maço
quanto cheguei na beira deles
não arrisquei nem mais um passo

o meu ego tem montanhas
gigantes de pão de
meus amigos cá são picos
lá vales de gente só

minha vida tem dez mares
grande verde azul de chá
eu prometo deus que eu morro
se me tirar de cá

27 de set. de 2009

warning:
enough chemicals
might just make you happy

26 de set. de 2009

adulto jovem

não quero brincar de gente grande
não quero dizer oi ao quarto todo
não sei brincar de ser serinho
e nem amar sem ser engodo
povoaram imenso azul
com aves peixestrelas
e no meio, centro e sul,
todas bíblias que sem sê-las
propriamente sagradas
na desordem do quarto
nosso, nessas'tradas
foram entregues recicladas

21 de set. de 2009

sei que não é muito
mas hoje consegui sair da cama
sei que acha medíocre
mas eu percebí a trama
que armaram pra mim
e sei que eu não revidar
você não acha bonito
mas é que pro zero e pra mim
um já é infinito
será que vão acreditar
que todo esse sangue
aqui na minha cama
esses cortes no peito,
cicatrizes e machucados medonhos
são na verdade efeito
não da noite mas dos meus sonhos?
too much speed
too much h
too much weed
worth the wait

too much snow
too much e
have a bowl:
dmt

too much those
too much you
not much drugs
makes life dull
que medo
nunca fui assim
tenho medo de ter medo
(e mais ainda)
medo desse medo de mim
dcfc pra você:

mesmo com todo gelo debaixo
derretendo
com toda escuridão
(sozinhos)
e com todo sapato
pendurado
juro que eu acredito
mesmo que não tenha estrada
mesmo que não faça sentido
minha alegria não seria fachada
se fosse pra gente ter sido

14 de set. de 2009

all we have left is dead ends
no, honey, that's not great
the rope, our hope, decayed
and worst: we're worms, we're bait

12 de set. de 2009

meu melhor amigo
mal sabe como chamo
mas tem do que gosto
me vende o que amo

7 de set. de 2009

infância-pomar

só a parte que importa do poema:

[...]
e tudo enfim estava em paz
era época de araçás.

5 de set. de 2009

you try so hard
not to look like
what you are
to disguise
what you are
but you always end up being
what you are:
absolutely nothing

3 de set. de 2009

não é que te odeie
nem perto disso
(sabe que sou quase amigo)
só descobri outro ofício
virei pastor do rebanho
de rancores que trago comigo

quinta-feira estranha

andando sem nem perceber o movimento
três bichos
um peixe azul e amarelo
estressante
uma moça chata
e um bebê rinoceronte
saindo do ovo
furando a casca com o chifre
e toda sua pompa de unicórnio

2 de set. de 2009

prenuncio de dor:
só cinco cigarros no meu maço
o que eu faço agora?
eu deveria ficar
mas preciso ir embora
e quem vai acreditar
que meu vício
veio de outrora?

1 de set. de 2009

Aaah! Nojo!
Até me arrepio
com vossa mania de drama
só pra evitar o vazio.
On Monet's Poppy Field
Saw death rise from the dirt
Pitty! Such a pleasure to wield
But it makes us so hurt

So alike the poppies I see
In your bright greenish eyes
That somehow say to me
'You can avoid sad goobyes'

'Why not here? Nice bed!'
Sorry, don't mean to annoy
And make you be led
To my arms of unjoy
Making your sleep so sad

30 de ago. de 2009

não faço concessões
acho tudo ambiguidade
quando falo de vulcões
quero dizer tempestade

digo não preciso de você
que siga teu caminho
digo nao preciso de ninguém
mas me sinto tão sozinho
eu sou uma farça
e você nem imagina, querida
não teria graça
se eu não fosse muito bom nisso
ou se te deixasse sentida

27 de ago. de 2009

temo agora
não estar em hiato criativo
poético, lírico
e sim numa vasectomia de espírito

não entendo homens felizes
por gozarem
sem uma gota de métrica
uma gota de rima
e não acharem poética
a bunda da moça
do andar de cima

24 de ago. de 2009

se brinca com o amor
como se pisa na grama:
sabendo que não se deve

fincadas no chão
são duas as placas
uma se lê, outra não

'não pise na grama'

'ou fica calada
ou saia da cama'

12 de ago. de 2009

não discuto mais
é tudo questão de neurotransmissores
só Deus mesmo
nos presentear esses amores

7 de ago. de 2009

imagino que diverge pra cada um
mas o jeito que descobri
que eu (com certeza) sou adotado
não foi quando seduzi
minha tia-avó e ela achou um agrado
nem quando não me chamaram
para o funeral de quem diziam
ser meu pai
nem quando fui tatuado
botei brincos
e na mesa de almoço
fui quase apedrejado
na verdade foi há um dia
eu dormi fora de casa
e juro por Deus
nunca senti tanta alegria

6 de ago. de 2009

pedimos bebida
jogamos sinuca
fingimos saída
beijei sua nuca

2 de ago. de 2009

não aspiro ser um grande poeta
porque isso nunca vou ser
nem um grande amante
não tenho esperança
quero só não gastar seu tempo
fica pra trás comigo,
quando seria muito se seguisse adiante

1 de ago. de 2009

sou chato pra gostar de texto de contar parábola,
estória, fábula
fazendo com que os novos não repetissem o erro dos velhos
é que que sempre repetem
repetimos...
repeti

31 de jul. de 2009

olha, não foi uma
foram duas, três
e foram tantas
que se eu ouvir você dizer
'sei lá' mais uma vez
eu enfio o sei lá na sua garganta

28 de jul. de 2009

senhor câncer

Câncer, meu bom senhor
venho por meio desta
pra te pedir um enorme favor
me livre da sua festa
de reprodução
pelo menos até eu fazer trinta
ou falhar uma ou duas vezes
do coração
poderia também
(se não for incômodo)
poupar-me o último vintém
e não prolongar com metástase
se poderia acabar-me logo
o que pra mim quase não tem nome
e pra você é só criar prole

22 de jul. de 2009

nossa senhora, querida
Deus te deu atributos
que poucos cirurgiões
tem a coragem de conceder
odeio rimar verbos
e quem não odeia
mas de que vale a rima
se a métrica é feia
pelos meus cálculos
fazem 3 dias
que eu não durmo
troquei minha vida
e alegrias
por palavras de despedida
e um cochilo diurno

14 de jul. de 2009

juro que te quero
e eu te espero
mas que desespero
te esperar no banheiro

10 de jul. de 2009

cortei uma árvore
queimei um livro
fiz vasectomia
não me sinto mais vivo
não me sinto mais livre
fico mais velho e mais chato
devia ter queimado uma floresta
uma biblioteca
um orfanato
você morre de ciúme
mas eu volto pra casa sozinho
como é de costume

7 de jul. de 2009

o cara olha de um lado e de outro e joga
branca bate na cinco que bate na quinze
que bate num canto e bate na dois
e é ponto pra mim

3 de jul. de 2009

Deus! que tédio
reciclo poemas
pra não pular do prédio
não adianta rezar, pedir ou pagar
daqui eu não saio
vou morrer sentado nessa cadeira
com um pouquinho de sorte
essa tal de vida
acaba depois da morte

2 de jul. de 2009

ainda faço poesia
que deixe Chico Buarque
morrendo de azia
é notório
que suas coxas abrigaram
mais que carícias amigas
que depois do bar e de brigas
o vencedor deu-se o direito
de abusar e de por defeito

povoaram imenso azul
com peixes aves estrelas
e as moças no meio
sem querer eram lindas, e sê-las
era tão fácil pra ti
que achou feio
o mundo que inventei fácil
e numa carta te escrevi

27 de jun. de 2009

ode ao amor perfeito

acordo todo dia
pra te ver da janela
com outra ao seu lado
e suspirar de alegria
pois não inveja ela

levanto, me visto
como é linda!
não tem chaga que não cure
queria fazer de você
minha comida, almoço e janta
mas na verdade você
não passa de uma planta.

20 de jun. de 2009

-já vivi sem te ver sem te ter
sem te amar
já perdi sem poder sem nem ter
o que apostar

-olha aqui não sei mais te ler mais
nem os seus
e daqui já vivi me perdi
desse deus

19 de jun. de 2009

psicotrópicos

deprimo
est
imulo
de
pri
mo
stmulo
d
e
p
r
i
m
o
es
ti
mu
lo
estim
estimul
estimulo
de
primo
estimulo
meu sistema nervoso central

7 de jun. de 2009

imagino que o inferno
seja um domingo eterno

6 de jun. de 2009

pra cada grama de cianeto no mundo
tem um casal como a gente, amor

1 de jun. de 2009

eu te quero mas você não
para de me ligar
como te esconder então
das outras que eu teimo amar?

tente me conquistar
pelo meio de suas pernas
só então você me terá
na palma de suas coxas

23 de mai. de 2009

ode à mentira

nessa vida de várzea
onde és a água que nos mata a sede
mas também que nos afoga,
carrego por ti um grande apreço
(e, é claro, certo desprezo)
dizem as más línguas que você nos nega
quando te usamos sem permissão
e se vinga com um ódio de estimação
que só você nos reserva.

1 de mai. de 2009

câncer

Que impotencia:
eu rego as plantas
as que podem sobreviver
violetas desse apartamento
que ar macabro, de aspecto final.

E me deixa com uma tristeza
quando entro na melhor casa do mundo
só sinto cheiro de morte
em tudo que lhe é oriundo.

27 de abr. de 2009

a cama que parece jangada
dando voltas, balançando, bailando
nas ondas desse mar de amor e vodka.
o enjôo, escatológico, pra lembrar
que nem tudo é fantasia: tem a ressaca
ressaca da gente, ressaca do mar
uma traz de volta o Sol, a sede
outra, o que a gente vomitar

21 de abr. de 2009

e se teu corpo é tira de seda
presa ao chão por quatro pedras
então qualquer brisa, de Janeiro ou Junho,
te faz tremer e balançar
como lirismo num rascunho

19 de fev. de 2009

tudo pesa
da pálpebra à consciência
e me lesa
as costas a mortalha da desistência

dá-me a mão, estranha
dá-me o braço, amor
você que não se acanha
mas que finge pudor

diz-me sim, me arranha,
diz-me finja de ator.
você com sua manha
eu morrendo de temor

14 de fev. de 2009

right, so they plant this big tree
they were thinking about stealth
but decided to let it be
when, there, I hung myself
the more I read, the more I cry
''Hey, thats no way to say goodbye''?

13 de fev. de 2009

save yourself

let the cigarette down
keep the booze away
for it may slow you now
but will soon be your day
and you'll stand with nothing
against someone who's got a gun
the bullet has the truth within
and the shoter is no one

9 de fev. de 2009

tem alguma coisa estranha
essa árvore mais parece cogumelo
sua mão parece uma algema
alguém estragou a cena
manchou o que já foi belo

5 de fev. de 2009

melhor do pior

o melhor amigo
é imaginário
o melhor abrigo
é solitário
o melhor cachorro
é enterrado
o melhor socorro
é atrasado
o melhor jardim
é só com praga
o melhor de mim
é minha chaga

26 de jan. de 2009

Primogênito não lhe veio
Do ventre, primeiro saiu mulher
Quando Deus dá de Seu seio
Deus só tira o que Ele quer

''Fartura pra quê, não é Senhor?
Na lavoura deu-nos praga
Nos pastos, nenhum louvor
Só basta que nos envenene a água
E regojize com a nossa dor''

''O que não consegues compreender
Não chores tu, criança ingrata,
Aguente tudo sem temer
Se não do coração ainda te matas.
Não deverias tu aprender
As coisas que não são inatas?
Ria-se de seu dever
Terás assim vida mais sensata
Extingua essa mania de mal dizer
Que mais parece um burocrata."

23 de jan. de 2009

teresinha

A primeira me chegou
Como quem veio da mata
Nem meu nome perguntou
Já tirou minha gravata

Me encontrou tão excitado
Que toquei seu coração
Mas estava já cansado
Quando tocou-me uma outra mão

A segunda se juntou
A nós dois na hora exata
Gosto de whisky, me beijou
Numa espécie de bravata

Me encontrou tão exaurido
Que eu até pedi perdão
Não poupava um ruído
Nas gemidas, na encenação

A terceira já chegou
Se despindo, atrasada
Muita pressa ela amou
Não sei porquê, não sei de nada

Me encontrou tão desalmado
Que ofereceu a felação
Mas era tarde e eu não tardo,
Como na hora, em dizer não.

13 de jan. de 2009

sozinho eu tento me contar a nossa história e não consigo
eu nunca consegui né?
minhas veias me lembram você