15 de set. de 2015

antes achava
que era letra
erro meu
hoje cor
hoje risco
não faz sentido
-é abstrato
costumo dizer
pra mudar o assunto

mas na verdade
num é muita coisa
nem é completo
nem separado
e nem é misto
é só um medo
de dar uma forma
ao que não existo

7 de set. de 2015

what is broken
won't be glued
not by blokes
in their suits
not by spells
or by you

as you sell
love in you
and you hide
that you're blue
please decide
if we're through
since it broke
down for you

life for me
life for you:
always breaking,
no glue
algumas velhas idéias
têm passado demais
por minha cabeça
minha mão, minhas veias
e sei que se você estiver sem ninguém
a tua solidão me dói
mas a minha dói também
parece pecado
e me deixa inseguro
temos tanto passado
pena não termos futuro
já desisti de entender porquê
(juro que não é pra botar defeito
mas,) nosso amor seria tão perfeito
se não fosse por você

releitura da praça

vi
VI vendo
eu vivendo
vi
VI indo
eu ficando
todo dia meu coração bate
50 centavos mais caro
10 cigarros mais curto
e as vezes
umas 15 batidas de luto
Insight é para os tolos
eu, quando olho pra mim
só me vejo de costas
ou segurando um conhaque
quase sempre no fim.

Tem mais de mim no mundo
do que aqui dentro:
aqui mais parece um porto...
Minha mão, o vidro, espalma
mais vale abrir a janela do quarto
que a janela da alma.
será que todo
pra sempre
sempre será
nada mais que engodo
que sempre há
de acorrentar o um no outro
e deixar o outro
assim livre, solto?
Morre
Morre e me deixa ser José
Me deixa ser Alberto
Me deixa ser o que não quero
Me deixa ter fé
E nunca ser descoberto

Me deixa não ser sozinho
Me deixa não querer dor
Aí vou ser feilz, completo
Vou até pedir carinho
Amor e afeto

Me deixa ser ele e não você
Você me traz quietude e vida
E auto-destruição, aceitação e compaixão
Auto, auto, auto
Com você eu sou só eu
Sendo ele, eu sou com ela
Você me faz ateu
Ele, ter fé nela

Naquela artéria faça um corte
Veja o sangue que corre
Assistiremos de camarote
Morre, Felipe, morre.

Testamento

Como meu testamento
Pretendo deixar só a verdade
Já dei muita razão ao sentimento
Está na hora de falar a sanidade

Que fique nestes versos registrado
Que eu não me arrependo
Do meu braço todo marcado
Do meu nariz escorrendo

Deixo coisa pouca, quase sem cor
Com gosto amargo e cheiro forte
Que já me trouxe tanta dor
E há de trazer a morte

Deixo alcalóides pra quem quer
Só não os deixo pra quem amo
E você, minha mulher
Peço que saia desse rumo que trilhamos

Deixo um quarto que cheira ferrugem
Sangue na cama, sangue no chão
Não tive descência nem coragem
De parar ou dizer não

Que sejam relevados meus vícios
E minha virtude, ignorada
Só assim não sobrarão indícios
Das curvas em minha estrada

Peço que não se faça alarde de meu corpo
E se não for inconveniente
Não faça de mim, depois de morto
Um enfeite pra estante

Então não deixa minhas cinzas por aí
Que muita gente vai comentar
Deixe-me ser só descanso aqui
Deixe-me não ter quem assombrar