22 de dez. de 2013

indo embora da sua casa
cana de açúcar por todos os lados
ainda assim a vida amarga

19 de nov. de 2013

amigos, eu amo vocês
e deveria me amar
como amo qualquer alguém
mas meu tempo é num só lugar
não consigo viver vocês
estando vivo em mim também

18 de nov. de 2013

a vida
ou as pessoas
ou algo oculto
me pedem calma
meu desejo é fugir
(neurose pra que te quero)

incontente
incontinente
quase doente
é o marco zero
da paixão dor vida
amanhã de gelo
ontem fervente

8 de nov. de 2013

tenho um buraco no meu peito
do tamanho da minha mão
ele já teve nomes
hoje não tem mais não

consigo passar meu braço
inteiro passo até o pé
o buraco quase nunca dói
será que parece buraco e não é?

às vezes sinto que ta fechando
eu olho então pro meu peito
vejo minha própria mão no buraco
e nem ela cabe direito

25 de out. de 2013

cada pedaço dessa cidade
não me deixa esquecer você
logo você
que já não lembra de mim

15 de out. de 2013

eu vi sua máscara
quis jogá-la no chão
mas sei que não é assim
eu teria que tirar a minha
ou pedir que você tire pra mim

yasmin entrou na minha mente
yasmin com tatuagem na mão
yasmin, não estou contente
eu quero paz e você não

4 de out. de 2013

que nem se acha um bicho bonito
eu te acho bonita
loira cobra colar
que nem bicho do mato
eu te acho bonita
tigre lesma lagarto
cada costela uma cor
de pele bem colorida
eu te vejo por dentro
mas não vejo além
você pra mim é avesso
e superfície também

1 de out. de 2013

o tempo passa
cabelo cresce
e você some
o nosso nós
desacontece
perdi seu nome

27 de set. de 2013

a contra gosto
o contra golpe
fere por dentro
arranha e grita
me contraria
me encontra em carne
em carne viva

25 de set. de 2013

me olha e me enxerga inteiro
e se não sacar tudo
paciência ou fé

mergulha em mim
que serei fundo pra te caber
e razo pra te dar pé

13 de set. de 2013

castrado e obediente
com muito carinho
me mastigam os ossos

29 de ago. de 2013

te desenhei hoje a tarde
mas não lembrava seu rosto
não consegui definir
suas  linhas da cara
ficou tudo abstrato
ficou tudo no ar
seu rosto real
lsd e o álcool
conseguiram apagar

você não quer me conhecer
ou pelo menos trepar de novo?
aquilo que tivemos não conta
te aviso: montanhas não movo
nem destruo sem construir
se você não me aceita
como vai me suprimir?

11 de ago. de 2013

limites

Eis o caminho
do verbo à despedida
nos limites do esperma
eu ganhei a corrida

e na divisa do útero
com meus dedinhos e mãos
por 9 meses evitei
como as coisas serão

agora as bordas do mundo
as ignoro também
o meu sono é profundo
nos limites do berço
que me contém

chega o limite da mente
com o da mente do outro
discuto por discutir
só de pensar fico rouco

os limites do corpo
com os de outra pessoa
tudo vai correr bem
se a mãe dela foi boa

divisei-me dos bens
dividi mundo em dois
o de antes sumindo
nas bordas do depois

os limites do chão
(então adeus, boa sorte)
tropecei cá em vida
e só fui me rever
nos limites da morte.
desesperei por nós
antes mesmo de existirmos
antes de nos cansarmos
de tudo de chato que nós faríamos
porque eu não ando tão tolerante
e não acredito em mais nada
e você não acredita em mim
e nem eu

o mundo me pesou nas costas
e atlas que não sou
atlas que não poderia ser
apoiei no chão
apoiei o mundo
na palma do chão
a palma da mão
do meu corpo imundo

nem chega a ser tristeza
é coisa pouca
que em breve passará despercebida
e dói longe de mim

a dor é pequena
como nós dois
mal nos falamos
talvez falaremos nunca

um beijo no fim da noite
e um abraço de dor
amanhã nos encontraremos
mas não espere surpresas
eu não espero milagres
hoje já tomei banho
e quem sabe um pouco mais tarde
nem sonharei com você
te escrevi
mas sei que não vou mandar
não quero
são só idéias sem nexo
é quase tudo verdade
tentei lembrar qual seu sexo
e engoli liberdade
(se é da boca é profundo)
cuspi cabelo e saudade
Pensar é estar doente dos olhos
Não pensar, da alma
Mal fecho os olhos pra digerir o dia
E logo os abro pra evitar o trauma
Já me conheço o suficiente
Pra saber que o vazio na mente
É coisa oposta disfarçada de calma
toda noite deito
e tento me achar no sonho
fugindo sou muito rápido
buscando sempre me escondo
deito e tento entender
o invisível do dia
e o indisível da mente
gostaria de lembrar dos sonhos
ou talvez não, e não lembre
por isso exatamente
se eu me rendo quando me entrego
(embora eu negue e até duvide)
é que não pude evitar, fui pego
é dor-desejo quem me preside

27 de abr. de 2013

poema


isso aqui
é som que pega e vaga no vácuo
e lá não nega a achar outra onda
e bate e volta e eu chamo de eco

é eco de som que existe no vácuo

por que pedir que eu faça sentido?

25 de abr. de 2013


Para o outro sou um outro
e se, como outro, me detenho
a pensar-me como alguém
logo vejo que me tenho
muito pouco conhecido.

Sou generoso e me aceito
quase sempre como mesmo
mas pra mim mesmo sou outro
e portanto e finalmente
duplamente sou um outro
para os outros e pra mim.

23 de abr. de 2013

oral


dói
seria buraco no estômago
ou buraco da alma?
não sei dizer
a fome passa depois de meia hora
a sede depois de uma
e a vontade do trago
ou as vontades dos tragos
duram um pouco mais

como ser vivo de boca
se já não posso mamar?

complicada e incompleta
freudiana existência
o que coloco na boca
pesa na consciência