14 de mai. de 2012


tenta escrever o que te dói e vê o que sai de ti
sangue? passou o tempo, não sagra mais
ódio já não sente, não é capaz

me sobra apenas a certeza de que o que não vivi
era bem mais importante pra mim
do que o que consegui juntar em duas décadas e um ano

porque vivi bem pouco
e menos ainda do que deveria
porque não vivi soberano

e
se tento escrever o que me dói
nada dói mais
(além talvez da falta de dor, da sutil saudade e das coisas que arranham a garganta, os gritos que não me possibilito gritar e o suor frio que me desce a nuca quando penso em ti)
e se doem, doem calados
porque já não me deixo falar
porque se forem gritos de condenados
eu os condeno a só murmurar

10 de mai. de 2012


"Aos quatro cantos o seu corpo
Partido
Banido
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De vidro
O seu veneno incomodando
A tua honra
O teu verão
Presta atenção
Aos quatro cantos suas tripas
De graça
De sobra
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De cobra
O seu veneno arruinando
A tua filha
A plantação
Presta atenção
Aos quatro cantos seus ganidos
Seu grito
Medonho
Aos quatro ventos os seus quartos
Seus cacos
De sonho
O seu veneno temperando
A tua veia
O teu feijão
Presta atenção"

2 de mai. de 2012


que a verdade seja dita
sua verdade
é mais bonita